Texto Base: Apocalipse 2:1-7
Introdução
A carta à igreja de Éfeso é a primeira das sete cartas enviadas por Jesus às igrejas da Ásia Menor. Através de João, o Senhor apresenta palavras de elogio, exortação e promessa. Éfeso era uma cidade estratégica, um centro religioso e comercial, e a igreja local tinha uma história marcante — foi ali que Paulo permaneceu por três anos, Timóteo pastoreou, e João viveu por um tempo.
Apesar de todo esse histórico abençoado, Jesus chama a atenção da igreja para um ponto essencial: a perda do primeiro amor. Isso nos leva a refletir sobre a urgência do arrependimento e da restauração em nosso caminhar com Deus.
Mensagem
1. Cristo Conhece a Igreja (v. 1-3)
“Conheço as tuas obras, o teu trabalho árduo e a tua perseverança…” (Ap 2:2a)
Jesus, o que anda entre os sete castiçais de ouro e segura as sete estrelas, revela sua íntima ligação com a igreja. Ele conhece tudo:
- Obras – a igreja estava ativa e dedicada.
- Trabalho árduo – havia empenho e sacrifício.
- Perseverança – enfrentavam adversidades com firmeza.
- Discernimento doutrinário – rejeitavam os falsos apóstolos.
Esse retrato mostra uma igreja zelosa na ortodoxia e firme no serviço. Contudo, algo crucial faltava.
2. A Repreensão: Perdeu o Primeiro Amor (v. 4)
“Tenho, porém, contra ti que abandonaste o teu primeiro amor.” (Ap 2:4)
Aqui está o centro do problema: abandono do amor devocional por Cristo. Esse amor primeiro é marcado por:
- Paixão – zelo fervoroso por Cristo.
- Intimidade – relacionamento pessoal e constante com o Senhor.
- Obediência por amor – não apenas por dever ou tradição.
É possível fazer a obra de Deus sem comunhão com o Deus da obra. Jesus não disse que eles não tinham mais amor, mas que deixaram o primeiro — o amor mais puro, ardente e espontâneo.
3. O Chamado ao Arrependimento (v. 5)
“Lembra-te, pois, de onde caíste, arrepende-te e volta à prática das primeiras obras.” (Ap 2:5a)
Jesus propõe um caminho de restauração em três passos:
- Lembrar – trazer à memória o tempo de intimidade, fervor e alegria na presença de Deus.
- Arrepender-se – reconhecer o pecado e ter mudança de mente e direção.
- Voltar às primeiras obras – retomar a oração sincera, a leitura da Palavra com sede, a evangelização movida por compaixão.
Sem arrependimento, o risco é perder a presença de Deus representada na remoção do castiçal — uma igreja sem a luz de Cristo.
4. A Advertência e a Promessa (v. 6-7)
“Tens, contudo, a teu favor que odeias as obras dos nicolaítas, as quais eu também odeio.” (v. 6)
Apesar da perda do amor, Jesus reconhece que eles ainda resistiam à heresia. Mesmo assim, isso não anulava o chamado ao arrependimento.
“Ao que vencer, dar-lhe-ei que coma da árvore da vida, que está no paraíso de Deus.” (v. 7b)
A promessa ao vencedor remonta ao Éden. A árvore da vida, símbolo da comunhão eterna com Deus, está à disposição daqueles que se arrependem, perseveram e mantêm viva a chama do amor por Cristo.
Aplicação
- Examine seu coração: Ainda há fervor e amor por Jesus ou apenas rotina?
- Volte ao altar da devoção: Recomece com sinceridade — oração, Palavra, comunhão.
- Não substitua amor por ativismo: Trabalhar para Deus não substitui estar com Deus.
- Busque restauração: O amor perdido pode ser restaurado por graça e arrependimento.
Conclusão
A igreja de Éfeso foi elogiada por muitas virtudes, mas uma falta anulava todas: a ausência do primeiro amor. Essa mensagem é um alerta para a igreja de hoje. O Senhor nos chama a voltar à essência do Evangelho — um relacionamento vivo com Ele.
O arrependimento não é fraqueza, é o caminho da restauração. Que o nosso coração seja cheio do amor que um dia nos levou a Cristo — e que esse amor nunca se apague.
“Quem tem ouvidos, ouça o que o Espírito diz às igrejas…” (Apocalipse 2:7a)