Texto base: Lucas 18:9-14
Introdução
Jesus contou a parábola do fariseu e do publicano para alguns que confiavam em si mesmos, considerando-se justos e desprezando os outros. Essa breve parábola expõe dois caminhos de religiosidade: um baseado na autojustiça e o outro baseado na humildade e arrependimento. O centro desta parábola é o clamor do publicano, que revela o tipo de coração que agrada a Deus.
Mensagem
1. Dois homens, dois corações (v. 10)
Jesus apresenta dois personagens bem distintos:
- O fariseu, representante da elite religiosa, respeitado pelo seu conhecimento e obediência à lei.
- O publicano, cobrador de impostos visto como traidor e pecador, socialmente desprezado.
Ambos subiram ao templo com o propósito de orar, mas suas posturas espirituais contrastam profundamente.
2. O orgulho do fariseu (vv. 11-12)
O fariseu orava “de si para si mesmo”. Sua oração não é dirigida a Deus com humildade, mas uma lista de méritos pessoais:
“Ó Deus, graças te dou porque não sou como os demais homens…”
Ele confia nas suas obras — jejuns e dízimos — como se fossem suficientes para justificar-se diante de Deus. Ele se compara ao publicano com desprezo. Sua oração não tem confissão, nem súplica, nem arrependimento.
3. A humildade do publicano (v. 13)
O publicano fica de longe, não se atreve a levantar os olhos, bate no peito em sinal de dor e quebrantamento e clama:
“Ó Deus, sê propício a mim, pecador!”
Essa súplica curta e sincera é um reconhecimento da santidade de Deus e da pecaminosidade do homem. Ele se vê como realmente é — indigno e necessitado de misericórdia.
A palavra “propício” remete à ideia de expiação, indicando que ele reconhecia sua necessidade de ser perdoado por meio de um sacrifício — um coração em sintonia com o ensino da graça.
4. O veredito de Jesus (v. 14)
“Digo-vos que este desceu justificado para sua casa, e não aquele…”
O publicano foi declarado justo diante de Deus. O fariseu, apesar de sua religião, não recebeu nada além da própria justiça — insuficiente diante da justiça divina.
A lógica do Reino é clara:
“…todo o que se exalta será humilhado; mas o que se humilha será exaltado.”
Aplicação
- A verdadeira oração começa com humildade. Não são palavras elaboradas que movem o coração de Deus, mas um espírito contrito (Salmo 51:17).
- Religião não salva. O fariseu era religioso, mas permaneceu perdido. O publicano, quebrantado, foi salvo. O Senhor resiste aos soberbos, mas dá graça aos humildes (Tiago 4:6).
- Confissão e arrependimento são essenciais. O publicano reconheceu sua condição diante de Deus e clamou por misericórdia. Isso deve ser o padrão de todos que se aproximam do trono da graça.
- Deus justifica os que creem e se arrependem. Esta parábola antecipa o ensino paulino de que a justificação é pela fé, não pelas obras (Romanos 3:28).
Conclusão
O clamor do publicano ecoa através das Escrituras como um exemplo de oração sincera que toca o coração de Deus. Que cada um de nós possa dizer como ele: “Ó Deus, sê propício a mim, pecador!”. E assim, encontrar a justificação que só a graça de Deus em Cristo pode oferecer.
“O Senhor está perto dos que têm o coração quebrantado e salva os de espírito oprimido.” – Salmo 34:18