Texto Bíblico: Romanos 2:4
“Ou desprezas tu as riquezas da sua bondade, e paciência, e longanimidade, ignorando que a bondade de Deus te leva ao arrependimento?”
Introdução
Vivemos em um tempo em que muitos têm uma visão distorcida do caráter de Deus — alguns o veem como um juiz severo e irado, outros como um ser passivo e indulgente. Contudo, o apóstolo Paulo, em sua carta aos Romanos, revela algo surpreendente: é a bondade de Deus que nos conduz ao arrependimento.
Essa afirmação é profunda, porque mostra que o caminho da salvação não começa com o medo do inferno, mas com a revelação da bondade de um Deus que estende Sua mão aos pecadores. Vamos, então, mergulhar nesse texto e entender como essa bondade opera em nossa vida.
Mensagem
1. A Bondade de Deus é Inesgotável
“Ou desprezas tu as riquezas da sua bondade…” (v.4)
Deus é bom não de forma limitada, mas abundante. Paulo fala das “riquezas” da bondade. Isso significa que a bondade divina é algo que excede nossa compreensão e expectativas.
- No Antigo Testamento, o salmista declara: “Certamente que a bondade e a misericórdia me seguirão todos os dias da minha vida…” (Salmo 23:6).
- Em Lamentações 3:22-23 lemos: “As misericórdias do Senhor são a causa de não sermos consumidos, porque as suas misericórdias não têm fim.”
A bondade de Deus se manifesta de diversas maneiras: no sustento diário, na criação, na paciência com o pecado humano, na dádiva de Seu Filho.
2. A Paciência e Longanimidade de Deus
“…e paciência, e longanimidade…”
Paciência é a disposição de suportar os erros e falhas alheias sem revidar. Longanimidade é a disposição de sofrer por longo tempo sem perder o ânimo. Deus não apenas espera o arrependimento, Ele o faz com um coração cheio de esperança.
- Em 2 Pedro 3:9 está escrito: “O Senhor não retarda a sua promessa, como alguns a julgam demorada; pelo contrário, é longânimo para convosco, não querendo que nenhum pereça, senão que todos cheguem ao arrependimento.”
É essa paciência que retarda o juízo e estende oportunidades. Mas ela não é sinal de fraqueza — é oportunidade de arrependimento.
3. A Bondade que Conduz ao Arrependimento
“…ignorando que a bondade de Deus te leva ao arrependimento?”
Paulo afirma que essa bondade tem um propósito: nos conduzir ao arrependimento. O verbo usado (“leva”) implica direção, condução, movimento.
O arrependimento não nasce apenas de um sentimento de culpa, mas do reconhecimento de quem Deus é. Quando compreendemos a graça e misericórdia que nos são oferecidas, o coração se quebranta.
- Um exemplo claro é o do filho pródigo (Lucas 15:11-32). Ele reconheceu que, mesmo após tudo o que havia feito, ainda poderia encontrar acolhimento na casa do pai. E foi essa certeza que o levou de volta.
Aplicação
- Valorize a bondade de Deus. Não a despreze. Não tome por garantido aquilo que é fruto da graça.
- Não confunda paciência com aprovação. O fato de Deus estar calado não significa que Ele aprova nosso pecado. Ele está nos dando tempo para nos arrependermos.
- Permita-se ser conduzido. Deixe o Espírito Santo trabalhar em seu coração e mostrar onde é preciso mudança. Arrependa-se enquanto há tempo.
- Compartilhe essa bondade. Mostre aos outros que o caminho para Deus não é pavimentado com medo, mas com amor revelado em Jesus Cristo.
Conclusão
A bondade de Deus é mais do que um atributo — é um chamado. É uma ponte lançada entre a justiça divina e o coração humano. Deus não nos conquista pelo terror, mas pelo amor. Ele nos atrai com cordas de bondade (Oséias 11:4) e nos transforma pelo arrependimento que brota do reconhecimento da Sua graça.
Portanto, se você ainda não se arrependeu verdadeiramente, olhe para a cruz de Cristo — a maior prova da bondade de Deus — e permita que ela transforme sua vida. Não despreze essa bondade. Deixe-se conduzir por ela.
“Ou desprezas tu as riquezas da sua bondade… ignorando que a bondade de Deus te leva ao arrependimento?” (Romanos 2:4)
Amém.